23 de Setembro, 2025 13h09mInternacional por Rádio Agência Nacional

ONU: Lula reafirma soberania do Brasil e pede fim de massacre em Gaza

Durante a abertura da Assembleia Geral na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Lula foi enfático ao defender a soberania brasileira, em um claro recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também participou do evento. Segundo o presidente brasileiro, a democracia e a soberania brasileiras são “inegociáveis”. "A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Não há pacificação.com impunidade

Durante a abertura da Assembleia Geral na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Lula foi enfático ao defender a soberania brasileira, em um claro recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também participou do evento. Segundo o presidente brasileiro, a democracia e a soberania brasileiras são “inegociáveis”.

"A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Não há pacificação.com impunidade. Há poucos dias e pela primeira vez em nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e aqueles que os apoiam. Nossas democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como uma nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela."

Em referência a uma medida unilateral - o tarifaço dos Estados Unidos sobre diversos países, incluindo o Brasil - Lula disse que “poucas áreas retrocederam tanto como o sistema multilateral de comércio”, ao defender como “urgentes” mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Conflito em Gaza

Lula voltou a dizer que população palestina na Faixa de Gaza está sendo vítima de um genocídio com a cumplicidade de alguns países. 

"Nenhuma situação é mais emblemática do que o uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina. Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Estão sepultados o direito internacional, humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente. Este massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo." 

Ainda sobre a situação dos palestinos, Lula mandou um recado aos judeus que não apoiam o que ele chama de massacre. O presidente brasileiro também defendeu a criação do Estado Palestino como única forma de manter essa população viva.  

"Quero expressar minha admiração aos judeus que se opõem a essa punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer. Só sobreviverá como um Estado independente integrado à comunidade internacional. Essa é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU e reafirmada ontem (22) aqui, nesse mesmo plenário, mas obstruída por um único veto. É lamentável que o presidente Mahmoud Abbas tenha sido impedido pelo país anfitrião de ocupar a bancada da Palestina nesse momento histórico."

Nova York (NY), 23/09/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura do Debate Geral da 80.ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas - Ricardo Stuckert/PR

América Latina e Clima

Outro assunto mencionado pelo presidente Lula foi a questão da segurança na América Latina e no Caribe; e também o envio de forças militares dos Estados Unidos para a costa da Venezuela, sob a justificativa de combater o tráfico de drogas.   

"Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamentos. Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias. A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela."

Ao falar da Venezuela, o presidente brasileiro criticou as sanções do governo dos Estados Unidos e disse ser “inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo”.

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Lula ainda criticou a existência de diversos conflitos pelo mundo, chamando atenção para o que considera urgente: as mudanças climáticas. Para isso, mencionou a COP30, que acontece em Belém do Pará, em novembro deste ano, e cobrou o financiamento de países ricos para a transição energética justa daqueles países em desenvolvimento.  

"Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. A COP30 em Belém, no Brasil, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta. O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões. Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios. Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de 200 anos de emissões de gastos. Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é uma questão de caridade, é apenas uma questão de justiça."

Nova York (NY), 23/09/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura do Debate Geral da 80.ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas Ricardo Stuckert/PR

Redes sociais

Lula defendeu a regulamentação das redes sociais que, segundo ele, são usadas para semear discursos de ódio.  

"As plataformas digitais trazem possibilidade de nos aproximar como jamais havíamos imaginado, mas têm sido usadas para semear intolerância e desinformação. A internet não pode ser terra sem lei. Regular não é restringir a liberdade de expressão, é garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim também no ambiente digital, no ambiente virtual.  Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarita a crimes como fraudes, tráfico de pessoas,  pedofilia e investidas contra a democracia." 

Lula abriu a edição 80 da Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, que começou nesta terça-feira (23), e segue pela semana.

Veja o discurso do presidente na íntegra:

6:00

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