16 de Junho, 2025 08h06mSaúde por Rádio Agência Nacional

Estudo investiga como isolamento social afeta ansiedade e depressão

Baixar Tocar Quem vive com algum transtornos de ansiedade, frequentemente, enfrenta desafios intensos nas relações interpessoais. É comum essas pessoas relatarem uma sensação de alívio na diminuição do convívio com outras, ou até mesmo no isolamento completo

Quem vive com algum transtornos de ansiedade, frequentemente, enfrenta desafios intensos nas relações interpessoais. É comum essas pessoas relatarem uma sensação de alívio na diminuição do convívio com outras, ou até mesmo no isolamento completo. Mas, afinal, até que ponto esse desejo de evitar o contato social é saudável?

É o que tenta entender um grupo de pesquisadores do Laboratório de Neurociência Comportamental, do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ. A FAPERJ, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e o CNPQ, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico financiam a pesquisa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a ansiedade se caracteriza pelo medo excessivo, preocupação constante e comportamentos de esquiva diante de ameaças, muitas vezes infundadas. Já a depressão, manifesta-se por um estado de tristeza persistente, vazio ou irritabilidade, além da perda de interesse em atividades antes prazerosas. Ambos os transtornos causam comprometimento funcional significativo.

A Doutoranda do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Amanda Peçanha, explica que foi testada a reação de ratos com diferentes níveis de ansiedade para entender como o isolamento social afeta o comportamento deles. Por 14 dias, ratos muito ansiosos, pouco ansiosos e comuns são colocados em gaiolas sozinhos, ou em grupos com outros iguais a eles. No 15º dia, todos passaram por um teste de "natação forçada", onde é observado por quanto tempo eles tentam nadar para sair da bacia. Quanto mais rápido o rato desiste, maior é o comportamento depressivo.

O estudo apurou que o isolamento social piorou o estado emocional dos ratos comuns ou pouco ansiosos, mas aqueles mais ansiosos tiveram uma melhora significativa. Uma possível explicação é que o convívio com outros ratos igualmente ansiosos tenha causado um ambiente de estresse compartilhado. Então, quando eles ficaram sozinhos, se sentiram melhor.

O trabalho conclui que embora pessoas ansiosas possam se beneficiar de uma certa distância social, o isolamento excessivo não é uma solução saudável a longo prazo, como explica Amanda Peçanha.

"Esse alívio é temporário. O isolamento não é — e nunca será — uma solução saudável a longo prazo. Nós, seres humanos, somos seres sociáveis. Então, a gente precisa conviver com outras pessoas, se sentir pertencente a grupos... Isso é muito importante para a nossa saúde mental".

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A pesquisadora pondera que mesmo sendo legítima a vontade de estar sozinho, o paciente não deve se acomodar nesse isolamento.

"Se você, que me escuta, se identifica com essa vontade de se afastar e de se isolar por conta dessas pressões e desconfortos emocionais tão intensos, saiba que esse desejo faz sentido. Se você tem um diagnóstico e está sofrendo de um transtorno de ansiedade ou depressão, ele é até natural — mas não deve se transformar em um padrão de vida".

A verdadeira recuperação, segundo o estudo, passa pela reconexão consigo mesmo, com o outro e com o mundo. O tratamento mais eficaz integra técnicas de regulação emocional, desenvolvimento de habilidades sociais, treino de flexibilidade cognitiva e, quando necessário, a combinação de abordagens psicológicas e medicamentosas.

Um dos hábitos que ajudam a prevenir a ansiedade e a depressão é o cultivo de relações sociais de qualidade, que têm um papel protetor crucial, promovendo autoestima, senso de pertencimento e regulação emocional. Quando esses vínculos são fragilizados, aumenta-se a vulnerabilidade ou o agravamento de transtornos psíquicos.

© Marcelo Camargo/Agência Brasil Saúde Pesquisa é conduzida pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Rio de Janeiro 16/06/2025 - 08:50 Fábio Cardoso - Marizete Cardoso Tatiana Alves - repórter da Rádio Nacional PUC-RJ Isolamento Social depressão Ansiedade segunda-feira, 16 Junho, 2025 - 08:50 4:44

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